Lembro-me bem de quando tudo começou, mestrado concluído para um, aprovação em concurso para outro, e assim fomos para belém. De repente, tudo novo... e agora, estamos em Brasília e prontos para encarar “tudo novo de novo”.
Moramos em belém cerca de 1 ano e 4 meses e aproveitamos o máximo que podíamos. Sabíamos que nosso tempo era contado, cronometrado, que iríamos embora rápido. Nesse tempo, aprendemos a gostar de açaí e peixe, principalmente filhote, pirarucu e tucunaré. Conhecemos mosqueiro, salinas, cumbú, cotijuba, ilha do Marajó, icoaraci, algodoal e as maravilhas de alter do chão. Fizemos canoagem num rio gigante e por igarapés (descobrimos o que é um igarapé!), conhecemos o cinema mais antigo do brasil, o belíssimo teatro da paz. Adquirimos o prazer do tomar café todos os domingos cedinho na rua, com direito à tapioquinha com queijo e ovo, suco de laranja, cuscuz. Adorei o mingau feito de farinha de tapioca (apesar de não gostar da farinha na comida ou no café com leite, como muitos paraenses). Tomamos tanta caldeirada que enjoamos! Conhecemos o restaurante Terra do meio, com um igarapé ao lado para nadar. Fomos tantas vezes no Mangal das Garças que ficamos conhecidos na barraquinha da unha do caranguejo. Recebemos muitas visitas! Nem sei se dá pra contar: kid, tamara, zouzo, chris, luís, heleno, Chico, Mira, Bianca, Cibele, João Paulo, lucin, Paloma, Raquel, Alessandra...
Vimos o outro lado do círio, que não é mostrado nas tvs. Compartilhamos da alegria do arraial do pavulagem. Morremos de calor quase todos os dias, aprendemos a gostar das chuvas e do vento forte. Alugamos um apto com vista para o rio e a vista do por do sol no fim da tarde era realmente linda.
Mas tudo isso teve também um preço. Passamos por tantas dificuldades que só nós sabemos... Principalmente no início, parecia que tudo tinha que dar errado, tbm ficamos muito sozinhos por algum tempo. Contudo ficar só não foi assim tão ruim, foi um aprendizado. Pudemos ter um olhar mais criterioso sobre nós, um “olhar para dentro”. Mudamos alguns hábitos, criamos novas rotinas, pensamos melhor sobre nossas atitudes, sobre a bagagem da vida que carregamos. Nesse sentido, posso dizer que foi como um “retiro” que nos fez crescer juntos, as dificuldades nos fortaleceram e solidificamos nossos sentimentos. Pudemos também fazer coisas que sempre quisemos, mas nunca tínhamos tempo!
Aos poucos fomos nos encontrando na cidade e conquistando novas amizades. Algumas dessas amizades foram como uma família para nós.
Mas de tudo, o preço maior que pagamos foi morar longe da família, mas confesso que acho uma boa experiência por um tempo curto. Enfim, tudo tem dois lados... e depende de como se quer encarar a situação.
Lembro bem da época da escolha de qual cidade morar. Quase todos foram contrários à nossa ida à Belém. E, de fato, foi realmente uma decisão difícil. Era muito melhor ir pra Brasília, diziam. Foi um rebuliço só! Rsrs Mas tem decisões que é preciso escutar o coração, sem levar tanto em conta a razão. Pode soar um tanto piegas dizer assim, mas é o que acreditamos. Sabíamos que em menos de 3 anos conseguiríamos a remoção e queríamos muito a experiência. E assim seguimos rumo ao norte... e agora o deixamos, com muito aperto no coração e a certeza de que fizemos a escolha certa. Hoje agradeço a quem nos apoiou e até às pessoas que reagiram como sendo a maior loucura, pois essas nos mostraram que somos corajosos...kkkk
Uma oportunidade única e, graças à Deus, tivemos a sapiência de aproveitá-la ao máximo. Entretanto, tivemos poucas oportunidades de ir visitar as famílias. Ir de Belém à bh num final de semana é um tanto inviável, a viagem é desgastante mesmo de avião e seria corrido demais, além de ser bem caro. Recebemos visitas queridas na maioria dos feriados e assim íamos matando a saudade aos poucos. Também sabíamos que nossa estadia em Belém era curta, temporária... e tínhamos muito o que conhecer por lá. Como eu disse, sempre soubemos que iríamos embora rápido.
Sabemos a falta que fizemos às nossas respectivas famílias e amigos próximos. Talvez esse tenha sido o ponto mais delicado de ir morar longe e da falta de oportunidade de ir à bh. Mas sei que quem nos acompanhou de perto, mesmo estando longe, nos entende. E somos imensamente agradecidos a tais pessoas que nos respeitaram e tiveram a sabedoria da compreensão.
Nestes últimos dias, tenho me questionado muito sobre nossa nova cidade. De fato, tenho minhas dúvidas se gostaremos de morar aqui. Mas é certo que já nos sentimos bem por ficarmos mais pertinho de todos.
No final das contas, acho que saímos conhecendo o Pará mais que muitos paraenses, embora ainda houvesse muitos lugares para conhecer que não deu tempo.
Novamente creio que o momento é olhar e agradecer a Deus por tudo de bom que nos foi proporcionado, por ter nos dado discernimento no momento das escolhas. Uma nova cultura que conhecemos, novas pessoas, novos comportamentos.
Quero terminar com uma música que gostamos bastante!
"Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou "
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou "
bjoss!
Estamos muito orgulhosos de vocês irmãzinha. É muito bom ver a coragem de vocês a cada recomeço... A cada giro de 360°. Saiba que tudo vai dar certo, como já tem dado, e que essas mudanças só tem a acrescentar na vida de vocês. :)
ResponderExcluirQuanto a distancia, vamos dando um jeitinho.